Estranho, eu pensava que algumas lembranças, por mais estranhas que parecessem, pudessem desaparecer, mas eu estava errado esse tempo todo.
Até a imagem de um simples senhor sentado na praça olhando o horizonte me parece familiar, ele era tão intenso e verdadeiro. Muito autêntico e charmoso.
Quem dera envelhecer assim. Eu tive boas lembranças para compartilhar, fui uma boa pessoa, em partes senti que estava andando ao contrário, mas não errei comigo mesmo, cresci bem.
O mais incrível é que após alguns anos, esses pensamentos sinceros voltaram para minha cabeça e parecem me fazer lembrar de um outro tempo.
Eu era feliz naquele tempo, claro que são boas lembranças.
Há sempre aquela incerteza sobre o que deveria ter sido feito e sobre o que realmente foi, mas eu to em paz, de coração mesmo, aprendi tanta coisa com tanta gente que passou por mim.
Seria ingratidão dizer que não cresci durante toda essa travessia maluca. Perdi muitos momentos, abracei outros como se nunca mais fosse voltar a vivê-los, com razão.
Tentei ser tantas coisas, todo dia me prendia em algo que me tirava o sono, mas pela manhã não restava nada, apenas um vazio na cabeça.
Acreditei no amor, mas não no meu próprio. A gente sabe o quanto a auto-avaliação é temida, eu mesmo a temo sempre que fico sozinho, mesmo amando essa condição.
Nos cobramos muito a todo tempo, isso é uma verdade, ficamos presos em detalhes que se foram, em palavras nunca ditas, em gestos nunca feitos.
Não precisa achar que você é o único ou a única que sofre com isso, uma parcela talvez entenda um pouco.
A dor vem, o motivo dela é tão abstrato que apenas eu nunca poderia te dizer do que se trata, ela só vem, assim como a chuva, mas também pode lavar.
Quem sabe você não volte a amar alguém, ou talvez perdoe um sentimento que ainda está escondido ai, olhe ao redor, no final tudo vira lembrança. Entenda as suas e as ame, te fizeram chegar até aqui.
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